terça-feira, 17 de agosto de 2010

Heavy Metal 3D

Antes mesmo de vir morar na Finlândia, eu já tinha noção de que se tratava de um país peculiar do ponto de vista musical. E eu não me refiro à música tradicional - sami - ou ao nacionalismo de Jean Sibelius, o Carlos Gomes deles. Eu estou falando é do bom e velho rock: tanto colegas esgrimistas quanto o pessoal da lista Gótico-DF já tinham me chamado a atenção para o fato de que, na Finlândia, a chamada “cena metal” é muito forte. 

Ainda no Brasil, tive a curiosidade de entrar no site da Stockmann, a grande loja de departamentos de Helsinque, e dar uma olhada na lista dos CDs mais vendidos. Em primeiro lugar estava uma cantora inglesa, a Sade, e, logo em segundo, vinha a banda finlandesa HIM - uma espécie de Roupa Nova deprê do metal, que eu já conhecia e gostava há vários anos. Naquele momento eu já tive uma noção de como seriam as coisas: quando é que eu ia ver uma banda de metal encabeçando as paradas das Lojas Americanas?  

Em um país de musicas engraçadinhas, Ivetes, Cláudias e, quando muito, Marisas, quem gosta de rock virou órfão há umas duas décadas. Eu tenho uma teoria seríssima de que os produtores de Rio e SP, membros da SS cultural brasileira, ao verem que a maioria das bandas boas de rock eram de Brasília, trataram de sabotar o ritmo ao longo dos 1990s. E eu não vou nem entrar no mérito da década de zero, para não ficar deprimido. 

Ao chegar por aqui, só pude reforçar a boa impressão. O tiozinho do ônibus da Ikea, do alto de seus 50 e tantos anos, ouve rock enquanto dirige; há bares de rock espalhados pela cidade - dentre os quais o PRKL, o Stage Bar e o On the Rocks; o Dante's Highlight tem um palco para shows de “bandinhas” maior do que qualquer outro que Brasília já tenha visto; e, para coroar a diversão, há um karaoke especializado em heavy metal e hard rock, chamado, apropriadamente, de heavy corner. Meus queridos amigos Zeca, Ed, Montana, Conatus e companhia ajoelhariam no chão, e chorariam dizendo “nós não mereceeeemos... ” 

Encontrar gente cabeluda, vestida de preto, cheia de brincos e tatuagens, aqui em Helsinque, não é coisa de nicho, de subsolo de Conic. E pode ter certeza que, ao entrar em qualquer loja que venda CDs e DVDs, haverá uma sessão enoooorme especializada em rock.  

Aliás, outro dia eu estava lendo em um jornal daqui que na Finlândia tudo vira rock:  se misturar amor com rock, vira o love metal do HIM; ópera com rock vira o Nightwish; música erudita com rock vira o Apocalyptica, e por aí vai. Até na hora de ganhar o  Eurovision - festival anual e super concorrido aqui na Europa - a Finlândia emplaca uma banda de rock, o Lordi. E, para os fãs de Guns n'Roses, recomendo uma procura por Hanoi Rocks, no You Tube, para vocês terem noção de que originalidade é uma coisa bem relativa. 

Interessado em assistir algumas dessas bandas de perto, eu tentei, recentemente,  ir ao Sonisphere, festival realizado em Pori, cidade na costa oeste da Finlândia. Infelizmente, embora houvesse ingressos disponíveis, não consegui, nem com a ajuda do caríssimo Lucas, encontrar um hotel por lá. E, para ficar na camping area, vocês vão me desculpar, mas já não tenho o humor necessário. É bom que se diga que eu escapei de boa... Exatamente no final de semana em que ocorreu o festival, uma tempestade vinda direto do inferno despejou-se sobre a Finlândia: tamanho foi o vento que, lá em Pori, partes dos palcos e pedaços das grades se soltaram e atingiram a multidão de headbangers, ferindo 40 pessoas e alegrando outros tantos, em um autêntico festival de heavy metal 3D !
  

8 comentários:

  1. Cara... tu tá longe... legal a matéria.. gostei mesmo... tenho que ir por ai...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Rapaz... acho que eu encararia um camping...

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  4. encaro o camping. e estou falando serio. quanto fica a passagem e o ingresso pro sonisphere??? EU VOU !!!!!!!!
    abraçao ducci!!!

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  5. Ei... sabe que eu descobri Evanescence? Quem sabe eu esteja entrando outra vez na fase hard rock???? (Idos os tempos de Rush....)...

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  6. @sergio: Vem pra cá cantar e montar banda :)

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  7. Gostei da teoria sobre a SS cultural Brasileira e também fiquei impressionado com a influencia do Metal da Finlândia.

    Renato

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