domingo, 30 de maio de 2010

Kuva!

 
  Escultura no tronco da árvore - Kaivopuisto

quarta-feira, 26 de maio de 2010

The Fab Four

Estamos chegando ao final do nosso segundo mês na Finlândia. Para comemorarmos esse tempo bom, resolvemos dividir com vocês as quatro coisas mais legais que vimos por aqui. Claro que não estamos falando das amizades, das relações humanas, nem dos fenômenos naturais (a primavera aqui apareceu do nada em menos de uma semana...). Queremos apresentar coisas simples, quase escondidas no cotidiano, mas muito bem boladas (aê Sílvio...), e que tornam nossas vidas mais fáceis.

1 – Escorredor de pratos embutido

Cansado daquele monte de louça escorrendo depois de lavada?  Maiju Gebhardt, em 1943, deu a solução. Com o prático escorredor de louças posicionado dentro do armário, seus problemas acabaram!   Pior é que essa fulana que inventou trabalhava para uma instituição governamental. Isso é que Estado de Bem Estar! Não sei como vou viver sem isso depois daqui...

2- Cabide para toalhas elétrico

O que fazer com aquela toalha úmida depois do banho?   Ir até a área de serviço pendurar?  Deixar secando na janela, para que seu prédio fique com cara de cortiço?  Largar em cima da cama e tomar bronca da esposa/namorada/mãe, fêmea mais próxima?  Deixar no banheiro úmido para que ela nunca esteja bem seca?  Perguntar para a Flávia?  Nada disso, jovem consumidor!  Pendure no cabide elétrico, que ela seca rapidinho. Serve também para esquentar as mãos em dias mais frios!

3 -  Máquina de reciclagem de garrafas “pet”

Tomou 32 litros de coca-cola e não sabe o que fazer com as garrafas?  Não quer entrar na turma do vazinho de plantas adaptado?  Quer ser ecologicamente correto e ainda descolar uns trocados?  Vem pra Finlândia!  Todas as garrafas plásticas que você utilizar podem ser levadas de volta aos principais mercados e lojas do ramo. Você coloca a garrafa na máquina, ela detecta o tamanho e dá um vale compras para você gastar (naquele ou em outro mercado!). Uma garrafa de 1,5 litro vale € 0,40 na reciclagem!

4 – Sistema de informação de horários dos transportes públicos

Ficar 40 minutos na parada esperando pelo ônibus, se é que ele vai passar, é coisa de brasileiro, rapaz. Aqui você fica sabendo, pela internet, pelo celular, ou por esses informativos aí da foto, qual o horário exato em que seu bonde favorito vai passar. O máximo de erro que eu já vi foi de três minutos (que absurdo, a Finlândia não é mais a mesma...) !

Eu nem sei se essas “novidades” existem em outros países. Pelo menos uma delas eu sei que sim, mas decidimos incluir o que mais nos agradou. A lista não está, entretanto, por ordem de preferência. Podem votar nos comentários, e depois divulgamos a vencedora. Os ganhadores levam um jantar aqui em casa, sem direito a passagem aérea.

sábado, 22 de maio de 2010

Kuva!



Primavera em Helsinki!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Kuva!


25°C, praticamente verão!

domingo, 16 de maio de 2010

Ciao, ex-talo!

Em primeiro lugar, deixem-me dizer que o blog do Casal Ducci também é cultura. Quem lê os comentários do site percebeu que nosso leitor Pedro Alces, a quem muito agradeço, esclareceu que appelsiini tem tudo a ver com maçã – é só darem uma olhada em 6 de maio para entender. Vivendo e aprendendo.

Por falar em comentários, nós gostaríamos bastante se vocês escrevessem mais por aqui também. Muita gente tem gostado e elogiado por outros canais, então podem ficar à vontade para se revelar. Ou não, sei lá eu.

Passamos dez dias sem postar, mas novamente por boa causa. Estamos finalmente de casa nova. Realizamos a pequena, porém trabalhosa mudança, no dia 7 de maio – uma mudança taurina, no misticozinho aniversário do nosso padrinho de casamento. Por falar nisso, parabéns Dubinha, Sarah, Larcher, Rafa, Henriette, Cris, Claudinho, Ruy, Ju Prima, Ju Dotto, Lourdes, Ianaê, Ana Maria, Leandro, e todo os outros que eu esqueci por falta de HD ou de educação. Um mês cheio de vontade de dar abraços de aniversário…

O apartamento fica em uma área bastante peculiar de Helsinki, chamada Viiskulma, ou 5-Corner, ou Esquina Quíntupla (para soar como tradução da Devir). É justamente o único caso, até onde eu sei, onde cinco ruas - em vez de quatro, como é de costume - se cruzam aqui em Helsinki. Estamos a quatro estações de tram (ou 6 minutos) da Embaixada.

Para quem não é do Itamaraty, cabe uma explicação. A coisa funciona assim: o Ministério paga mensalmente, até um determinado limite, uma porcentagem do aluguel de seus servidores no exterior. No caso de Helsinki, esse valor corresponde a 100% do aluguel. Não se trata de mordomia sem sentido: se tivéssemos de depender do próprio salário para alugar um imóvel em alguma cidades do mundo – em especial as capitais europeias e, por exemplo, Nova York –, as possibilidades não seriam as melhores.

Alguém já me explicou que, por trás dessa ideia, há a defesa de que um diplomata brasileiro não pode morar mal, uma vez que não se trata meramente de sua casa, mas da imagem do Brasil sendo construída, e de um espaço onde, se espera, sejam realizadas algumas recepções. Não sei o quanto isso é verdade, o quanto faz sentido. E ninguém me faz entender porque não é economicamente mais interessante para o Governo brasileiro comprar imóveis a serem ocupados pelos membros do Serviço Exterior. O quê eu sei é que o resultado final é estarmos morando em um belo apartamento de três quarto, em uma área nobre de Helsinki. Speaking of that, há espaço para todos vocês virem nos visitar – as reservas já estão disponíveis.

O Guilarducci Estate ainda está meio deserto, porque nossa mudança ainda não chegou do Brasil (taaaalvez chegue em junho, bem no meio da Copa do Mundo…). Tivemos sorte, entretanto, de contar com a imensa simpatia e ajuda de nossa landlady, que deixou um jogo de sofá rococó, espelhos, quadros e lustres. Compramos alguma mobília na Ikea, para atender as necessidades mais urgentes. Os móveis vendidos lá não vêm prontos: são os próprios compradores os responsáveis por montar, parafuso por parafuso, aquele armário, mesa ou escrivaninha. Assim, vou conhecer esta casa como nunca conheci qualquer outra em que já tenha morado: literalmente por dentro da mobília.

Cozinhawise, o hábito na Finlândia é de se alugar os imóveis com todos os principais eletrodomésticos já disponíveis, o que significa que temos geladeira, freezer, fogão, microondas e lava-louças totalmente funcionais. A hospedagem, portanto, inclui as três refeições (se a Flávia estiver no mood), e a gente nem vai obrigar ninguém a lavar panelas!


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Personal Esperanto

Você quer savukinkku ou savustettu kalkkuna?
Prefere lähdevesi ou kivennäivesi?

A vida aqui tem sido muito boa, e, como várias pessoas já haviam adiantado, praticamente todos nas ruas falam, ou ao menos entendem bem e se fazem comunicar, em inglês, ainda que seja uma interação de frases curtas e básicas.

O problema começa com a inevitável, ao menos para mim, ansiedade de leitura. E isso vai das placas das ruas às revistas nas bancas. Claro que estamos em um país culturalmente ocidental, e dá para diferenciar uma revista de fofoca de uma mais séria só pela diagramação. Ainda assim, é frustrante não entender as manchetes dos jornais, ou entrar em uma livraria e ficar restrito a um cantinho de livros em inglês.

O drama – na verdade, possivelmente a comédia – maior acontece no supermercado. Há marcas e produtos universalmente reconhecidos, como Confort, OMO, Dove, e Activia (e me pergunto se Patrícia Travassos indagaria muito naturalmente, até em finlandês: “escuta, como está sua digestão?”). Outros, entretanto, são completamente desconhecidos, e é na decisão fina que o analfabetismo ataca.

Na maioria das vezes, apelamos para a abordagem pictórica. Uma garrafa de óleo de canola é identificável porque tem uma foto de canola nela (embora eu só tivesse reparado nisso a partir do momento em que precisei reparar). Mas como saber de que sabor é aquele refrigerante local, que você nunca viu, e que seria uma experiência enriquecedora de fuga da coca-cola nossa de cada dia?   E como saber em detalhes quais os ingredientes daquela sopa pré-pronta, que você já deduziu que é de legumes, mas que gostaria de saber quais? Resultado: na maioria das vezes compra-se na tentativa-e-erro, torcendo para acertar. Até que a estratégia não tem causado muitos desastres.

Outra sensação divertida e estranha é começar a contar com o “menos difícil”  para ajudar. A Finlândia é um país bilíngue: os 600 anos sob domínio da Suécia deixaram esse traço na cultura local. Isso significa que existem versões em finlandês e em sueco em todos os lugares, desde nomes das ruas até as legendas nos cinemas. Igualmente, nos rótulos dos produtos, os ingredientes estão lá nas duas línguas.

Nem eu nem Flávia flertamos nem longinquamente com a ideia de falar sueco... Mas usamos nossas muitas habilidades em inglês – língua da mesma família -, alem do fracês, espanhol e o que mais vier na cabeça para nos aproximar dos significados corretos. Assim, o sukker sueco só pode ser o sugar inglês; o refrigerante “Pommac” é da macã francesa (pomme), e a persilja finlandesa é quase igual à salsa espanhola (perejil).

Tudo bem que essa ousadia às vezes nos derruba... appelsiini (laranja, em finlandês), não tem nada a ver com Apple (“maçã”, na Inglaterra e na casa do Steve Jobs) e porkkana não é referencia aos palmeirenses – significa  “cenoura”.

E é nesse personal esperanto que a gente vai se virando por aqui, inclusive para requintar a comunicação interpessoal. Como tudo na minha vida nos últimos quase três anos, quem vai salvar o dia é a Flávia, que começará em breve as aulas de finlandês. Ainda bem que tem ela por aqui.

Em tempo:
savukinkku = presunto defumado
savustettu kalkkuna = peito de peru defumado
lähdevesi = água sem gás
kivennäivesi = água com gás

domingo, 2 de maio de 2010

Carnavappu

Agora vejam a pobre da Havis Amanda no dia 30 de abril, às 6 horas da tarde...


Colocar o chapeu na estátua, exatamente nesse horário, marca o início oficial das festividades do Vappu, ou Noite de Walpurgis. O Vappu é um daqueles eventos do calendário, como o Natal, que mistura as crenças pagãs de celebração da chegada da primavera (e, portanto, da luz, que espantava os maus espíritos), com apropriações do cristianismo primitivo e do catolicismo medieval, e uma cereja de cunho político operário do século XIX.

O nome vem de Santa Walpurga (sogro, qual o nome dessa santa em português?), nascida em Devon, no século VIII, e que teria viajado pela França para ajudar seu tio São Bonifácio a catequizar o país. Quando foi canonizada, em 870, seus restos mortais foram levados para Eichstätt, na Bavária (momento Falkenstein), em um dia 1o de maio, que acabou ficando marcado como seu dia no calendário da Igreja Católica.

Não se trata de dia de festa apenas na Finlândia.  Por toda a Europa, em especial a Europa Central e Nórdica, há celebrações do fim do inverno, e da expulsão/derrota das bruxas (coitado do Sagrado Feminino...). Há o Volbriöö seguido do Kaatripäev estoniano, o Pálení čarodějnic tcheco, o Valborg sueco... todos variações do mesmo tema. Mas as bruxas que eu sei que foram vencidas nesse dia foram Hitler e Goebbels...

Aqui na Finlândia a coisa começa, como eu disse, com uma multidão pela Eteläesplanadi e na Kaartinkaupunki. Parece que todos os habitantes de Helsinki, quiçá da Finlândia, vão para as ruas, com perucas, fantasias, balões e roupas coloridas. Até o gerente do nosso apart começou o dia nos presenteando com duas garrafas de espumante e vários rolos de serpentina. Inevitável não comparar com o carnaval brasileiro, também pelos sorrisos e pelo espírito animado, algo um pouco mais atípico aqui do que em Pindorama. Não há muita música, nem balacobaco, nem telecoteco, nem ziriguidum. E é interessante estar numa multidão razoavelmente comportada, em que ninguém se atropela à cotoveladas, muito menos rouba sua carteira.

Boa parte da bagunça da sexta-feira é estimulada pelos estudantes, em especial os formandos. Cada curso universitário se veste com um macacão de cor diferente, coberto de patrocínios, adesivos, emblemas e outros símbolos coloridos ao gosto do cliente. Muitas pessoas – mesmo as que já não são estudantes há anos – saem pelas ruas usando chapeus brancos, parecidos com quepes, que indicam que são formados. Esses chapeus correspondem aos nosso capelo, com a diferença é que, aparentemente, eles não devolvem para a loja de aluguel depois de formados. Após cobrirem a Amanda, a multidão se dispersa pela cidade, mas continua celebrando nos bares, nas ruas, nos parques. Tudo com direito à muito álcool.

A mäarmötta finlandesa continua no dia seguinte, onde uma multidão ainda maior de pessoas, vindas de várias partes, disputa espaços nos parques da cidade para fazer um piquenique. O lugar mais tradicional para o convescote é justamente Kaivopuisto, a área da cidade onde fica a Embaixada do Brasil. Entendam apenas que “piquenique” não deve ser entendido aqui como um lanchinho com sucos, frutas, saladas e carnes frias, ou pães e queijos. O esquema aqui é profissional, com direito a verdadeiros banquetes, muitos amigos, gritos a cada vez que o sol ameaça a sair detrás das nuvens e – claro – mais bebida alcoólica ainda.

Quanto ao dia do trabalho, os protestos por melhores condições de emprego, ou por uma globalização mais justa, em sua leitura pós-Castells... bem, não vi isso aqui não, em lugar nenhum. ‘Você viu, Flávia?’.  ‘Não!’

A irreverência do dia anterior continua (e acredito até que aumente). Flávia e eu fomos conferir de perto, vivenciar um pouco essa experiência de müuvukka, e conhecer alguns nativos a mais. Vocês podem conferir a galeria de fotos clicando aqui  (sim, aquilo é uma sauna móvel levada para o meio do parque).